Atenção “181” Disque denuncia.
Quando você mostra uma palavra para um analfabeto, ele vê, mas não entende. O mesmo acontece quando mostramos uma formula matemática para quem não tenha dela base previa. Aos poucos, depois de algumas explicações, os indivíduos passam a enxergar sentido naquilo que estão vendo. Se assim é, o fenômeno também acontece em outros setores da vida.
É o caso dos “181 Disque Denuncia”. Fui um dos primeiros a advogar esse sistema. Conheci algo semelhante na Colômbia, em 1988. Havia adesivos em todos os telefones públicos, divulgando o numero, e explicando como funciona. Implantou no Paraná sistema semelhante que exige, todavia, alguma explicação previa para a população denunciante tirar dele o melhor proveito. Veja você: Todos que ligam para esse numero, esperam, após a denuncia, uma pronta ação policial. Principalmente se imaginam ser possível um flagrante. Mas não é e não deve ser assim. Primeiro porque pode ser um trote dado aos policiais. Segundo pode ser uma denuncia falsa, ou seja, alguém, querendo prejudicar outro alguém, faz uma denuncia, sem base. Ou erro de avaliação dos fatos. A policia agiria e causaria constrangimento, lesaria a honra de pessoas, ocorreria em injustiça e abuso, etc. Então, manda a prudência, que a policia faça o registro, detalhado, região, nome dos denunciados, tipos de crime denunciado, etc. Compara os nomes e descrições com possíveis antecedentes criminais de criminosos já conhecidos, compara o “modus operandis” aguarda o surgimento de outras denuncias ( os flagrantes quase sempre ocorrem no 190), analisa a densidade de eventos na mesma região, amplia os detalhes, verifica se as novas denuncias envolvem as mesmas pessoas ou já denunciados, investiga a área anonimamente, procura ordenar provas concretas, faz diligencias para saber se essa denuncia não é pista para solução de crimes maiores, como por exemplo, redes de traficantes ou trafico de crianças, prostituição, desmanches de veículos, ou outra situação qualquer.
Como a denuncia é anônima, o denunciante não poderá ser responsabilizado pelas falsas denuncias, e por ser anônima não é prova, não pode ser considerada testemunho, assim, você haverá de compreender que podem ocorrer erros de julgamento, ou ate malícia intencional. Tudo recai sobre a polícia. Desse modo a policia, têm por obrigação o dever de consolidar a denuncia antes de agir, para que, ela não passe de “braço armado do Estado” em defesa da Sociedade, e passe a ser “o braço vilão”, o abusado, o irresponsável, o algoz do sistema de repreensão, ou o réu de processos de injuria, difamação, abuso de poder, invasão de domicílio etc. etc.
O importante é que a população continue denunciando, mas o faça com a maior responsabilidade, dando dados exatos, posição exata, nomes se possível completos, placas de veículos, endereços, tipo físico, vestimentas habituais, de tal modo a facilitar o melhor trabalho da policia.
Muitas vezes o denunciado já vem sendo investigado pelas policias, e ele é o fio de Ariadene, um fio que a mitologia grega nos conta, que o seguindo, Teseu conseguiu mover-se pelo labirinto (do Crime) e derrotar o Minotauro. Ora essas pistas, muitas vezes, como já dissemos, levarão as investigações de encontro às grandes redes de trafico, bandos ou quadrilhas organizadas e protegidas. Não se pode acusar a policia de omissão, muito menos sair por ai falando que: “eu denunciei e nada fizeram”. Não é assim, se assim fosse muito inocente poderia estar sendo denunciado injustamente, e muito culpado que poderá levar a solução de crimes muito maiores, seriam perdidos nas suas conexões. Tenha paciência. A população tem ajudado. A policia trabalhado. Mas como toda profissão tem sua ciência, deixem para a policia o exercício técnico de sua ação, você cidadão, faz melhor, enquanto preocupado com a segurança da Sociedade, e aprimore a sua denuncia, seja tão competente como um bom investigador policial. Seja responsável e criterioso, para que a policia também possa ser responsável e criteriosa. Disque 181, e deixe a policia trabalhar. Não fique esperando na esquina, para criticar os policiais, se eles aparecem ou não. O inimigo, via de regra, não é a policia. Lembre-se disso. Tenha em vista, sempre, o Bem Comum.
Wallace Requião de Mello e Silva.
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