segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sujeira tende à sua própria natureza

Oficina Mecânica.

Sou simples. Meu discurso é simples e por isso imagino possa ser entendido por todos.
Não se entra, para trabalhar em uma oficina mecânica, vestido de branco sem sair, ao fim do dia com alguma mancha. É possível não manchar a roupa, mas é difícil.
Igualmente não se entra para trabalhar na política, vestido com a roupa branca da inocência, sem vê-la manchada ao fim do dia. A política é suja.
Sim, podemos obter uma oficina limpa, modelo como também uma política limpa, modelo.
Lembrem-se, porém, que numa oficina se faz pequenos e grandes consertos, se recuperam as coisas e as fazemos funcionar. Na política também é assim.
A política é suja, a oficina mecânica é suja, o passado do homem é sujo. Limpa-los não é criar o escândalo, não é este o serviço. Talvez por isso Jesus Cristo tenha dito: “Quem não tem pecado atire a primeira pedra... mas concluiu; vá e não peque mais”. É preciso lutar a cada dia, e querer, uma oficina limpa, uma política limpa, um passado construtivo, exemplar.
Se o mecânico não quisesse fazer este serviço sujo, e não houvesse quem se preocupasse com o fétido, o podre, o doente,... as fezes e as secreções humanas, não teríamos por exemplo a medicina. Mas se para uns é dado curar doenças, a outros enterrarem os mortos, outros são vocacionados a vestir os nus, a alimentar os famintos. Outros ainda, numa vocação mais espiritualizada são chamados a instruir no amor e salvar as almas. Na política também é assim.
Lembrem, porém, os que querem uma oficina limpa que a sujeira não desaparece. Ela passa da mão para a estopa, da peça imunda para a gasolina que lhe lava. Ela se transfere. Todavia o que nos consola é que a sujeira tende para a sua própria natureza, para a sua origem, para a sua baixeza. Já a limpeza, a transparência, a ordem, a disciplina, enfim a virtude exige trabalho constante, c essa tal perfeição inatingível, só é seguida, perseguida, porque existe em todos os homens uma vocação, uma alta luz, uma força invisível, que, como a força magnética, orienta o ponteiro da bússola para o norte. A inatingível perfeição chama-se Deus. Somos orientados para ele. Só a preguiça, o desleixo, a falta de aplicação da inteligência leva ao caos, às oficinas imundas de serviços imperfeitos, incompetentes e irresponsáveis. Só ali existe muita má fé. Onde se deseja a sujeira.
Mas lembrem-se também, e lembrem-se todos, os da mecânica e os da política, não se isentem os de passado sujo e os contritos, que enquanto a sujeira estiver sobre as mãos, sobre os macacões imundos, e pela luta valente e vigilante ela não estiver nos corações, há esperança. A estes corações limpos, a estas almas sem mancha, chamamos mártires da vida, heróis, santos. Lutadores, exemplos a serem seguidos... nas oficinas, nos tribunais, nas tribunas.
Quer os senhores acreditem ou não, existem os que se sujam com a sujeira do mundo,e preservam os seus corações, são como os laboratoristas que examinam as fezes ou outros homens de ciência, que manipulam o sangue contaminado pela AIDS em busca de solução e cura. Sujam as mãos para que você tenha alguma esperança. Pois os que têm ciência a comuniquem. Os que têm norte apontem. Os que têm luz iluminem. Que o povo chora, as crianças choramingam os velhos caminhões já não suportam tantas cargas.
Por isso, para tornar mais fácil e didático estes segredos, e seus caminhos, Deus nos deu seu único filho, Jesus Cristo, e nos deu pelas mãos de Maria.
Maria, estrela em mar revolto, auxilio seguro aos navegantes, porta, pela qual entrou Cristo no mundo.
Se os senhores querem “lavar as mãos” o façam depois de terminado todo o serviço, que foi feito com amor, com ciência, com virtude, e com o coração cheio de amor a Deus e ao próximo.

Wallace Requião de Mello e Silva.

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