segunda-feira, 21 de setembro de 2009

As últimas luzes da Crise.

As últimas conseqüências da crise.

Tenho pensado sobre esse assunto assustador.

Sem emprego, sem indústrias, sem luz, sem telefone, sem água, sem comida, sem internet, sem dinheiro, sem atendimento a saúde, enfim o que seriam as últimas conseqüências de uma crise mundial.

Seria bom, em principio, que o leitor desse texto tivesse um conhecimento prévio de dois livros: “O Navegante” e “O Senhor das Moscas”. Ambos os livros contam a história de um naufrágio, onde as pessoas vão dar a uma praia, de uma pequena ilha, sem nenhum dos confortos do mundo capitalista e civilizado. Sequer ferramenta possui o sobrevivente. Sabem seus nomes, alguns conhecimentos que adquiriram na vida, e necessidades básicas como fome, sede e frio... e saudades iniciais. Há um nivelamento por baixo, todos se tornam ricos de nada.

Água, a primeira das necessidades surge. Algo para comer e temos a segunda das necessidades. Onde se abrigar das intempéries, parecem essas necessidades serem as ultimas conseqüências da Crise, o fundo do poço. E, também, o começo para um mundo melhor. Nos dois livros as pessoas são obrigadas ao convívio estreito e a solidariedade extremosa pela sobrevivência. Tudo será partilhado, desde o medo, ate as alegrias, o frio, a fome, a sede, e as soluções, hipóteses, idéias. Tudo será feito por todos, ate que o convívio e a habilidade de cada um, definam seu papel na comunidade. Os dois livros terminam, depois de um período de muita insegurança, em certa resistência em voltar para o mundo do compromisso com o consumo. As pessoas se sentem mais reais mais entendidas entre si e pertencentes ao grupo da sobre vida, mais atentas de si e dos outros, mais conscientes da dependência que temos das coisas que nos rodeiam, não como comércio para o destaque pessoal, mas como trocas essenciais para a manutenção da vida. Os ódios, as desconfianças, o choro, as alegrias se tornam muito mais saborosos e reais.

Os autores descrevem com habilidade de mestres, o desenvolvimento de uma nova sociedade, algo semelhante à que vivemos, pois somos muito semelhantes, mesmo sem o mundo das riquezas civilizatórias. Tudo, nessas duas ilhas, dos livros citados, nascem do aproveitamento inicial dos restos das embarcações, ate que aos poucos, os sobreviventes dessas crises máximas, vão compreendendo o ambiente a sua volta e como dele tirar a sobrevivência. Uma aventura entusiasmante e uma grande lição se tira dos textos, não existem crise entre iguais, ou seja, em vitimas do mesmo e terrível sofrimento, no caso da perda de tudo, não existe crise. Só existe crise, entre a realidade vivida, e o perdido, ou a expectativa do alcançável. Entre iguais, passageiros da mesma sorte não há crise.

Porém, outras lições positivas nós poderemos retirar daqueles textos, tudo será solucionado pelo contrapor das idéias, ou da adição das idéias, acrescida de trabalho, movimento habilidoso do corpo e da mente, na solução das necessidades a serem satisfeitas. As grandes frustrações nos levam a pensar em Deus, e a confiar nessa nova pedagogia divina. Ora, mas eles estavam em uma pequena ilha, sem energia e na mais clara escassez de tudo. Todavia, nós brasileiros vivemos em uma grande e fértil ilha chamada Brasil. Água, comida, animais selvagens e domésticos, espaços enormes, mares e rios, mesma língua, duzentos milhões de brasileiros com seus dons, habilidades e idéias, isso significa que temos quatrocentos milhões de mãos operosas, para construir uma nova sociedade modelo, a sociedade da solidariedade pedagógica, modelo da sociedade e fraternidade humana necessária para a solução de tudo.

Nessa grande Ilha, não há povo escolhido, há irmãos brasileiros irmanados na necessidade de todos.

Wallacereq@gmail.com

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