A Fé do
outro.
Depois de pouco
mais de trinta anos pedindo misericórdia eu concluo que o que eu tenho é
esperança e não fé. Pessoas que convivem comigo tentam me corrigir dizendo que
eu sobrevivi esses trinta anos o que por si só já é um milagre. Concordo. São
palavras consoladoras e no mais fundo de seu sentido expresso são absolutamente
verdadeiras.
Todavia hoje
eu me deparei com o texto bíblico que narra o episodio do centurião romano
pedindo a Jesus a cura de seu servo. Diz ele: “Senhor eu também tenho homens
sob meu comando e se digo a um... vem ele vem; se digo a outro vai... ele vai”.
(...)
Jesus então
responde: “Nem em Israel vi homem com tanta fé. Vai seu servo já está curado”.
Eu nunca
havia me colocado no lugar do servo do centurião. Lá estava ele doente; sem fé;
sem se preocupar com religião; impotente no seu leito de morte; sem se
preocupar se tivera méritos ou não se abandonava ao seu sofrer. Mas eis que alguém
com fé... longe; muito longe dali pedia a Deus por ele. A fé do centurião
intercessor obtém de Deus a sua cura. Para tanto não há rito algum; não há nenhuma
magia; não há nenhum pedido de sacrifício ou conversão... apenas a fé do
centurião move a compaixão de Deus.
Nessa altura
de minha vida eu espero na fé de alguém. Alguém que me é muito caro e que
precisa lembrar-se de mim com misericórdia e por mim (eu) interceder com aquela
fé que Jesus () não viu nem mesmo entre os seus.
Essa é a
minha esperança. Das virtudes teologais a mim foi dada a Esperança. Hoje eu
necessito da fé do outro. Rogo a Deus que nesse mundo ainda haja alguém que
tenha essa fé tão necessária para a cura de tantas ilusões.
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