quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Problemas do passado que se tornaram problemas no presente.

Portais da Hipocrisia

Quando estudei teologia moral havia uma grande preocupação em estabelecer os limites conceituais entre Foro Intimo e Foro Externo.
Aprendíamos que o Direito julga pelo Foro Externo, pelo ato exterior, se o ato praticado está ou não está conforme a lei. A Moral, por outro lado, julga além, e ao considerar os atos exteriores considera também o Foro Intimo o conjunto íntimo dos valores morais no campo da consciência sob o signo da liberdade de escolha e do pleno consentimento.
Como exemplo, posso citar o caso de alguém que cometa um aborto em um país que considere o aborto legal. Esta pessoa estará “legal”, pois agiu segundo a lei ilícita, mas pode estar ao mesmo tempo, comprometida, no foro íntimo, por ter ofendido um principio moral dos mais fundamentais, o direito à vida do qual derivam todos os outros direitos humanos e onde também esta fundamentada toda liberdade.
Posto isto, julgo, que todo mecanismo legal que ensine as pessoas a pautar seus comportamentos pelo foro externo em detrimento do consentimento interno, forma, induz à hipocrisia.

Quando observo o uso destes “Portais da Hipocrisia”, estes redutores de velocidade eletrônicos vêem todo o mal que eles produzem. Um indivíduo vem a 150 km. Por hora, e com uma freada brusca passa a, somente, 18 km. Por hora na atual e moderna lombada eletrônica, para em seguida acelerar violentamente com o fim de recuperar a velocidade perdida... Este indivíduo está hipocritamente - “dentro da lei dos Redutores”. Outro vem nos seus regulares 70 km. Por hora, em absoluta segurança, mas passa a 40 km. Por hora e está - “fora da lei dos Redutores”. Isto é ridículo. Este segundo indivíduo será penalizado com R$ 70,00, quase um salário mínimo, ou seja, com um valor que pagaria o combustível para seis idas e voltas à praia.
Qual é o sentido do equipamento? Educar? Ele não cumpre esta função.
Aumentar a segurança do trânsito? Também não cumpre esta função.
Multar motoristas negligentes? Não, pois desvia a responsabilidade da infração do condutor para o dono do veículo, o que é uma ilegalidade, a transferência de responsabilidade penal é uma ilegalidade e uma imoralidade.
Então para que serve? Para arrecadar dinheiro para suprir a voracidade oficial e para tornar as pessoas cada vez mais hipócritas. Isto é para que se tornem bonzinhos circunstancialmente e depois voltem “ao mundinho bad boy” fora dos olhos da “lei” e das próprias consciências.


Wallace Requião de Mello e Silva.

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