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Tipos de riosNo Brasil, há rios com os mais diferentes aspectos. As águas que os alimentam vêm das chuvas e por causa de nosso clima tropical, muito chuvoso, a maioria dos rios brasileiros nunca seca. Mas há exceções: rios temporários que somem nas secas, como é o caso do rio Jaguaribe (no Ceará). Também existem rios que se tornam subterrâneos e depois voltam a ficar visíveis, como o Paraguaçu (na Bahia). Como a maior parte do relevo brasileiro é ocupada por planaltos, é também por eles que correm os nossos rios. Encachoeirados, com grandes desníveis entre a nascente e a foz, eles têm grandes quedas-d'água. Algumas delas são: Urubupungá, no rio Paraná; Iguaçu, no rio Iguaçu; Pirapora, Sobradinho, Paulo Afonso e Itaparica, no rio São Francisco. Temos ainda os rios que correm nas planícies, menos abundantes no Brasil. Exemplos: os da bacia Amazônica, localizados na região Norte, e os da bacia Paraguaia, localizados na região Centro-Oeste, ocupando vastas áreas do Pantanal Mato-GrossenseRios de planaltoA maior parte de nossos rios é de planalto e tem uma grande importância na economia nacional.Muitos deles apresentam inúmeras quedas-d'água - caso das Cataratas do Iguaçu, no Paraná (foto ao lado), que podem ser excelentes fontes para a produção de energia. Cerca de 91% de toda a energia elétrica produzida no Brasil tem origem nas usinas hidrelétricas. São gerados 58 milhões de quilowatts anuais nas 93 usinas em funcionamento, mas o potencial hidrelétrico de todas as bacias hidrográficas brasileiras chega a 260 milhões de quilowatts. Mas os desníveis bruscos e acentuados, as quedas e as cachoeiras dificultam a navegação. Mesmo assim, os trechos navegáveis das bacias típicas de planalto são aproveitados para integrar a economia regional. O melhor exemplo é o do rio São Francisco, que tem 1.300 km navegáveis, entre Pirapora (Minas Gerais) e Juazeiro (Bahia) e trechos encachoeirados aproveitados para geração de energia elétrica nas usinas de Paulo Afonso, Sobradinho, Moxotó, Xingó e Três Marias. No mesmo caso encontra-se a bacia do Paraná, bastante explorada por hidrelétricas e que vem aproveitando os trechos navegáveis para a integração regional com o sul do continente. Nela foi criada a Hidrovia Tietê-Paraná, importante via de transporte de mercadorias para o Mercosul - Mercado Comum do Sul.Rios de planícieSão usados basicamente para a navegação fluvial, pois não apresentam saltos, cataratas ou cachoeiras em seu caminho. O Amazonas, por exemplo, é navegável desde sua foz, no oceano Atlântico, até a cidade de Iquitos, no Peru. O número impressionante de seus afluentes, mais de 7 mil, permite a navegação em mais de 230 mil km. Com as cheias periódicas, há uma rede de canais e braços de rios, como os igarapés, que são estreitos cursos-d'água. Todos eles transformam-se em verdadeiras estradas de água. Além de servirem como hidrovia, os rios amazônicos têm também uma fauna riquíssima, com cerca de 1.400 espécies de peixes que são a base da alimentação para a população da região Norte.Outra bacia muito utilizada na navegação é a do Paraguai, localizada numa extensa planície, no centro do continente sul-americano. Uma de suas características é a facilidade de integrar-se a outras bacias, principalmente à do Paraná, por meio dos rios Prado e Coxim.Planalto: unidade do relevo onde há predominância de processos de erosão e retirada de materiais.Planície: unidade do relevo com predominância de processos de depósito de sedimentos.Semi-árido nordestino: região do Nordeste com clima bastante seco e vegetação castigada.Bacias hidrográficasUm rio e seus afluentes formam uma bacia fluvial ou hidrográfica. Para facilitar os estudos, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) separou os rios brasileiros em nove bacias. Seis delas são chamadas bacias autônomas: têm um rio principal e seus afluentes. As outras três (bacias do Nordeste, do Sudeste e do Sul) são chamadas bacias agrupadas, pois não têm um rio principal que as nomeie
Quebrada Apacheta, nos Andes peruanos: possível origem do rio Amazonas /INPE RAY
BRASÍLIA — O rio Amazonas é o maior do mundo, afirma o vice-presidente da Sociedade Geográfica de Lima, professor Zaniel Novoa, após 12 anos de investigações. Ele confirma a versão do explorador polonês Jacek Palkiewicz, que, em 1996, localizou a nascente do rio sul-americano. Até a segunda metade do século XX, os geógrafos apontavam o rio Nilo, na África, com 6.857, como o maior do mundo.
Desde que o rio foi batizado, em 1500, foram identificadas nascentes em vários pontos do Peru, contudo a nascente verdadeira encontra-se a 7.040 quilômetros do mar, a 5.179 metros de altitude, próximo do monte nevado Quehuisha, na região sul de Arequipa, no Peru.
O Amazonas foi chamado pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pizón, em 1500, de Mar Doce, e o também espanhol Francisco Orellana mudou-o para Amazonas, em 1542. Ao entrar em território brasileiro, o gigante recebe o nome de Solimões, até Manaus.
O colosso marrom é a espinha dorsal da maior bacia hidrográfica do mundo, formada por 7 mil afluentes, abrangendo uma área, segundo a Agência Nacional de Águas, de 6.110.000 quilômetros quadrados, no norte da América do Sul, banhando Peru (17%), Equador (2,2%), Bolívia (11%), Brasil (63%), Colômbia (5,8%), Venezuela (0,7%) e Guiana (0,2%). Só a bacia do rio Negro contém mais água doce do que a Europa.
Da nascente até 1.900 quilômetros, o Amazonas desce 5.440 metros; nos 5.140 quilômetros, até o Atlântico, a queda é de apenas 60 metros. Suas águas correm a uma velocidade média de 2,5 quilômetros por hora, chegando a 8 quilômetros, em Óbidos, cidade paraense a mil quilômetros do mar e ponto da garganta mais estreita do Amazonas, com 1,8 quilômetro de largura e 50 metros de profundidade.
Fora do estuário, a parte mais larga situa-se próxima à boca do rio Xingu, à margem direita, no Pará, com 20 quilômetros de largura, mas nas grandes cheias chega a mais de 50 quilômetros de largo, quando as águas sobem ao nível de até 16 metros. O Amazonas é navegável por navios de alto-mar da embocadura à cidade de Iquitos, no Peru, ao longo de 3.700 quilômetros. Seu talvegue, nesse curso, é sempre superior a 20 metros; chega a meio quilômetro de profundidade próximo à foz. A bacia amazônica conta com 25 mil quilômetros de rios navegáveis.
Ponto mais rico da Amazônia Azul
A vazão média do rio-mar é de pelo menos 200 mil metros cúbicos de água por segundo, o suficiente para encher 8,6 baías da Guanabara em um dia. No Atlântico, despeja, em média, 400 mil metros cúbicos de água por segundo; chega, portanto, a despejar 600 mil metros cúbicos de água por segundo no mar. Num único dia, o Amazonas deságua no Atlântico mais do que a vazão de um ano do rio Tamisa, na Inglaterra. O colosso contém mais água do que os rios Nilo, na África; Mississipi, nos Estados Unidos; e Yangtzé, na China, juntos.
O Amazonas despeja também no mar 3 milhões de toneladas de sedimento por dia, 1.095.000.000 de toneladas por ano. O resultado disso é que a costa do Amapá está crescendo. A boca do rio, escancarando-se do arquipélago do Marajó, no Pará, até a costa do Amapá, mede 240 quilômetros, e sua água túrgida de húmus penetra 320 quilômetros no mar, atingindo o Caribe nas cheias e fertilizando o Atlântico com 20% da água doce do planeta.
O húmus despejado pelo gigante no Atlântico torna a costa do Amapá uma explosão de vida marinha, o ponto mais rico da Amazônia Azul, no Brasil mais mal-guardado pela Marinha de Guerra e menos estudado pela academia.
“O que me intriga, não apenas no conteúdo da educação fundamental brasileira, mas também na base de informações científicas e acadêmicas no Brasil, é a pobreza de informações ambientais e biológicas sobre essa região, batizada de Mar Dulce pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, em 1500, mesmo ano em que Cabral achava o Brasil” – comenta o oceanógrafo Frederico Brandini.
Brandini lembra que, no Amapá, as autoridades estão pouco preocupadas com o estudo da Amazônia Atlântica. Na Amazônia, não há sequer um curso de oceanografia e as costas do Amapá e do Pará são um inacreditável banco de vidas marinhas, coalhado de piratas, que vão lá pegar, de arrastão, lagostas, camarão pitu e outros frutos do mar. Pescadores paraenses já capturaram na altura da Vila de Sucuriju, no município de Amapá, marlim azul de meia tonelada. Nem Ernest Hemingway, no Gulf Strean, conseguia espadarte desse porte.
Estados da Amazônia
Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNOProgramação de Financiamento para 2003 .
2 - O FNO E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL2.1 - AMBIENTE REGIONALA Região Norte, parte da grande Amazônia brasileira, em seu conjunto, possui áreas de floresta, campos, savanas, cerrados e planície, o que se configura em muitas diversidades pelas características das paisagens e dos diferentes ecossistemas, como também, pela sua própria formação histórica, destacando-se a heterogeneidade de povoamento e de cultura, como também da estrutura econômica e social, além da diversidade biológica (vegetal e animal), ainda desconhecida em sua grande parte.Em sua essência, a Região Norte faz parte de uma imensa floresta tropical, banhada pela Bacia Amazônica que possui a maior variedade de peixes do mundo, com cerca de 2.500 a 3.000 espécies. Conhecida por sua exuberância e riqueza, a Amazônia detém 20% de água potável, um terço das florestas latifoliadas e 10% da biota do planeta; uma rede de rios navegáveis com extensão de 25.000 km, formada pelo Rio Amazonas e seus tributários.A Região Norte, área de abrangência do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), compreende sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e 449 municípios, dos quais 93% são atendidos pela ação do crédito de fomento do Banco da Amazônia. A Região possui uma extensão territorial de 3,8 milhões de km2 (45% do território nacional), uma população de aproximadamente 13 milhões de habitantes (mais de 60% vivendo em zonas urbanas), uma densidade demográfica de 3,35 hab/km2 e um PIB de quase R$ 43 bilhões.
ÁREA, Nº DE MUNICÍPIOS, POPULAÇÃO, DENSIDADE DEMOGRÁFICA E PIB DOS ESTADOS DA REGIÃO NORTE
ESTADO
ÁREA(Km2)(a)
Nº DE MUNICÍPIOS (a)
POPULAÇÃO(HAB.)(a)
DENSIDADEDEMOGRÁFICA(a)
PIB (R$ MILHÕES) (b)
AcreAmapáAmazonasParáRondôniaRoraimaTocantins
152.522,0142.815,81.570.946,81.247.702,7237.564,5224.118,0277.297,8
2216621435215139
557.526477.0322.812.5576.192.3071.379.787324.3971.157.098
3,663,341,794,965,811,454,17
1.5411.56715.39816.4964.9728092.085
REGIÃO NORTE
3.852.967,6
449
12.900.704
3,35
42.868Fonte: (a) IBGE – Censo Demográfico 2000 (b) IBGE / SEPLAN / Estatística (base 1999)2.2 - PRINCIPAIS DESAFIOSA Região constitui um sistema em que a vastidão de seus recursos naturais antepõe-se à fragilidade dos seus ecossistemas, ante a ação do homem, necessitando de compreensão na condução lúcida do seu processo de desenvolvimento. Nas ações de desenvolvimento regional há desafios a serem vencidos para suprir a carência de ciência e tecnologia, e a carência e/ou deficiência de infra-estrutura econômica e social - transportes (vias e meios), equipamentos portuários, comunicações, armazéns, energia, escolas e hospitais. O somatório decorrente dessas carências constitui o custo amazônico de produção.Para enfrentar esses desafios, respeitando os limites de sua competência legal, o Banco da Amazônia desenvolve um conjunto de ações que compreende:• ampliação e fortalecimento do sistema de parceria institucional com os governos estaduais, prefeituras municipais e outras instituições públicas e privadas;• estruturação e consolidação de fóruns estaduais permanentes com a participação dos diversos parceiros institucionais, visando ao gerenciamento das ações necessárias para superar os óbices que dificultam a aplicação eficiente dos recursos do FNO, principalmente nos estados do Acre, Amapá e Roraima, onde a demanda por crédito tem sido menor;• concessão de prioridade aos financiamentos que possam viabilizar a formação de aglomerados agroindustriais de força econômica, com vistas a gerar efeitos de linkage e propiciar a pressão econômica sobre outras localidades no espaço regional;• seleção, através de estudos específicos financiados pelo Banco e das reuniões de planejamento realizadas com os parceiros institucionais, de atividades-chave, capazes de produzir impacto sobre o desenvolvimento regional;• realização de estudos e análise dos setores produtivos que o Banco vem apoiando financeiramente, a partir dos estados que vêm apresentando baixos índices de absorção dos recursos do Fundo, com vistas à identificação de áreas potenciais e de oportunidades de investimentos;• valorização do conhecimento, através de apoio à realização de pesquisas em parceria com centros de excelência, geradores de conhecimentos científicos e tecnológicos, a fim de proporcionar a modernização das atividades dos setores produtivos regionais, mediante a transferência de tecnologias apropriadas; • desenvolvimento e implementação de programas voltados para o treinamento e a capacitação dos técnicos do Banco e parceiros institucionais, visando formar grupos de agentes multiplicadores que possam atuar na disseminação dos princípios do desenvolvimento sustentável da Região.Ante aos desafios, o Plano de Aplicação dos Recursos do FNO para 2003-2005 expressa a materialização de um processo de ação desenvolvimentista que se integra aos objetivos e prioridades do Governo Federal, no sentido de atuar, através do crédito de fomento, como fator indutor do desenvolvimento econômico e social, buscando reduzir as desigualdades regionais.Assim, o grande desafio da política pública na Região está em ampliar e assegurar a sustentabilidade das diversas oportunidades de investimentos. Nesse sentido, a política de desenvolvimento regional deve incentivar a implantação de projetos voltados para a modernização das atividades produtivas tradicionais, a indução de novas atividades que proporcionem a expansão da base produtiva e outros que contemplem a agregação de valor à produção regional, a partir da formação e adensamento de cadeias produtivas em torno das atividade exportadoras, mediante incentivo à formação de clusters.Nesse ambiente, ao Banco da Amazônia em parceria com os representantes dos diversos segmentos produtivos, tendo o FNO como um instrumento econômico para o desenvolvimento regional, cabe intensificar e/ou realizar ações que contribuam para uma melhor distribuição espacial dos recursos do Fundo, reduzindo as desigualdades intra-regionais, ao mesmo tempo, priorizando a alocação de recursos, sobretudo, nas mesorregiões mais carentes e nos estados menos beneficiados com o crédito. 2.3 - POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONALO Governo Federal, através de seu Plano Plurianual (PPA) 2000-2003, enfatiza a preocupação da política pública em dotar o País de ações que contemplem todo o território nacional numa perspectiva de longo prazo, tendo nos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento (ENIDs) o referencial básico para a alocação dos investimentos necessários para proporcionar ao País desenvolvimento sustentável, valorizando a geração de emprego e renda e a redução das desigualdades regionais.A concepção dos ENIDs identificam as necessidades de investimentos em espaços selecionados, contemplando as áreas sociais, de infra-estrutura econômica, de conservação do meio ambiente e de difusão da informação e do conhecimento. Neste sentido, o Governo Federal busca tratar com profundidade as grandes questões nacionais como a integração nacional, a redução das desigualdades sociais e das disparidades regionais. Na Região Norte, a Política Espacial preconizada pelo PPA estabelece três grandes eixos, que constituem o instrumento balizador para orientar os investimentos e as ações de desenvolvimento regional: o Arco Norte, sob a área de influência da BR-174 (Manaus-fronteira com a Venezuela) e BR-156 (Macapá-Oiapoque); o Madeira-Amazonas, sob a área de influência das calhas dos rios Madeira, Solimões e Amazonas e da BR-364 e o Eixo Araguaia-Tocantins, sob a área de influência da Transamazônica e calhas dos rios Araguaia e Tocantins.2.4 - MEIO AMBIENTE COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE NOS NEGÓCIOSEm 1995, com o advento do Protocolo Verde, voltado para enfrentar esse desafio, as Instituições Financeiras Federais, signatárias desse instrumento de ação, passaram a contemplar a dimensão ecológica na concessão de seus créditos, estimulando a implementação de empreendimentos ambientalmente sustentáveis. Nessa iniciativa, o segmento empresarial passa a constituir-se um aliado fundamental para conter o passivo ambiental regional, atuando no processo produtivo, com tecnologias apropriadas a conservação dos recursos naturais. Este paradigma de produção, na medida em que se intensifica, certamente, conquistará novos espaços de negócios para os setores produtivos sem o uso de instrumentos cerceadores ou de comando e controle. Na nova ordem econômica, ganha mercado e poder de competitividade as empresas ou produtores que buscarem novas alternativas de produção e gestão mais modernos, implementando processos contínuos de mudanças tecnológicas e administrativas, aumentando produtividade, minimizando custos de produção e de transações. Um outro aspecto a ser trabalhado é a qualidade vinculada à natureza das matérias-primas processadas para obtenção do produto final, tendo em conta a não agressão ao meio ambiente e à saúde dos consumidores. Essas são algumas das tendências de mercado que revelam excelentes oportunidades de negócios e abrem espaços para as empresas e produtores conquistarem clientes e consumidores. Esse ambiente mercadológico revela que uma quantidade de empreendimentos, utilizando processos de conservação ambiental, tem crescido durante os últimos anos, a taxas anuais de 40%.Ante essas perspectivas, no cumprimento de sua missão como agente responsável pelo desenvolvimento regional e consciente da necessidade de manter a sustentabilidade dos ecossistemas da Amazônia, o Banco, na gestão dos recursos do FNO, vem incentivando e apoiando iniciativas econômicas que incorporam a variável ambiental, valorizando aquelas capazes de contribuir para a redução do passivo ambiental e geradoras de serviços ambientais à sociedade. Assim, projetos sustentáveis devem criar alternativas de emprego e renda, de modo a construir o futuro desejável para a Região.
Rios viram principal rota do tráfico de drogas no Brasil
Exército diz que combate ficou mais difícil; PF aponta ligação com crimes ambientais
O avião já não é mais o principal meio de transporte utilizado por traficantes para fazer as drogas chegarem ao Brasil, informa Míriam Leitão em sua coluna. O controle do espaço aéreo pelo Sivam-sipam e o alto custo de manutenção das pistas de pouso obrigaram o tráfico a adotar os rios como rota preferencial. Com isso, o combate ficou ainda mais difícil nos 22 mil quilômetros de vias navegáveis da Amazônia, principal porta de entrada das drogas. O general Augusto Heleno, comandante do Exército na região, revela que essa mudança exigirá ação conjunta das forças do Estado. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, confirmou que o principal caminho das drogas hoje é pelos rios da Amazônia. Em vários casos, diz ele, o tráfico de drogas está associado a crimes ambientais.
Rota das drogas
Mudou a rota das drogas na Amazônia. Os traficantes não usam mais o espaço aéreo, as pistas clandestinas. Preferem os rios. É o que diz o general Augusto Heleno, comandante do Exército na região, e confirma o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. "São 22 mil quilômetros de rios navegáveis e uma fronteira de 11 mil quilômetros, em geral, de selva", diz o general.
Com a vigilância bem-sucedida do sipam-Sivam, os traficantes passaram a utilizar sobretudo os rios, que antes eram usados eventualmente. Isso torna mais difícil o combate ao crime. Para a Polícia Federal, a Amazônia virou prioridade, disse-me o diretor da PF. As Forças Armadas querem fazer cada vez mais operações na região, para entendê-la. Esta semana, o Exército está fazendo na Amazônia a Operação Poraquê.
- Começamos numa área de selva em Caracaraí (RR) que transita para uma região de savana, onde se podem usar blindados - contou-me ontem cedo o general Augusto Heleno.
Logo depois da nossa conversa, o general se juntou às forças da Marinha que iriam navegar pela calha do Rio Negro até Barcelos.
Ontem também, a Polícia Federal estava com a diretoria itinerante na Amazônia. O diretor-geral está visitando delegacias da PF em todos os estados e vendo de perto as necessidades. Ficará esta semana inteira; volta para Brasília e, na semana que vem, retomará a viagem à região.
- No planejamento estratégico até 2022 que fizemos, ficou claro que a prioridade é a Amazônia - disse Corrêa.
Pelo Rio Negro, que visitei recentemente, têm ocorrido casos de tráfico de madeira misturado com o de drogas. Lá ouvi de funcionários públicos que jovens das comunidades ribeirinhas são recrutados para cortar madeira e pagos em pasta de coca ou em cocaína. Em alguns flagrantes, vê-se que os crimes estão agindo em consórcio. Sempre usando os rios como rota não apenas de escoamento de madeira, tráfico de animais, roubo de espécies, mas também para o tráfico de drogas.
O diretor-geral da PF confirma a mudança na rota do tráfico. Antes a droga chegava sobretudo pelo ar:
- Quando o Estado faz seu trabalho de reprimir o crime, ele espirra para outro lado. O Sivam funcionou, e o crime procurou outro caminho. Confirmo a informação do general Heleno: a rota do tráfico de drogas agora é principalmente pelos rios.
A Operação Poraquê, como todo exercício das Forças Armadas, combate um inimigo fictício. Desta vez, o inimigo é "país amarelo".
O general conta que, na luta real, o Estado precisa se unir. Ele gostaria que as ações unissem outras agências governamentais, com outras especialidades. Nesta não vai o Ibama, por exemplo:
- O Ibama tem pouco efetivo. Este é meu grande pleito: que o Brasil possa unir as forças de repressão ao ilícito. O Ibama precisa de nós, a maioria das operações mais difíceis são feitas conosco, com nossos aviões ou da aeronáutica. Precisamos deles, não entendemos de madeira. Não entendemos de drogas, não temos conhecimento sobre. A Polícia Federal é que foi treinada para isso. Precisamos da Receita, que tem o conhecimento dos descaminhos e do contrabando.
Em fevereiro, foi feita uma operação conjunta de combate ao garimpo ilegal.
- Eu não entendia nada do tema. Achava que eram uns caras lá com umas peneiras no rio. Apreendemos nove dragas, umas coisas enormes; quatro flutuadores; três empurradores (ou rebocadores) e um tonel de combustível. Uma verdadeira Marinha.
Um problema desafiador agora é como combater o tráfico naquela imensidão.
- Com o Sivam-sipam, os traficantes têm de fugir dos radares. Isso torna mais difícil vir por ar. Se os vôos são mais raros, fica difícil manter as pistas clandestinas. Eles têm problemas com a deterioração das pistas pelas chuvas, pela vegetação. Até asfalto estraga rápido - relata o general.
Mas o Estado também tem seus desafios: como fiscalizar os 22 mil quilômetros de rios navegáveis e a fronteira de 11 mil quilômetros com os países amazônicos, a qual tem o triplo do tamanho da fronteira entre Estados Unidos e México?
- Controlar uma fronteira assim é muito difícil, mas podemos ser mais eficientes se unirmos as forças e tivermos transportes mais ágeis - afirma o general.
O transporte no rio é bem mais lento, isso poderia até ajudar as forças de combate à repressão se elas estiverem bem equipadas, mas os contrabandistas podem contar com os "furos", passagens no meio da mata, de um rio para o outro, perfeitas para se esconder.
- Tem gente que acha que o tráfico não vai prosperar porque o transporte por rio é mais lento. É mais lenta a primeira viagem, depois de feita a rota, seja de jabuti seja de concorde, o importante para o traficante é fazer uma entrega por dia.
O general Heleno fez, semanas atrás, uma operação de coluna. Ainda usa colete ortopédico e tipóia. Mas, antes de ir falar com os jornalistas, ele os tirou.
- Do contrário iam dizer que o inimigo já fez um estrago antes de começar a operação. E eu ia dar uma colher de chá dessas para o inimigo? - diz, em tom brincalhão. Ele sabe porém que o "inimigo" imaginário do país amarelo, que não pode vê-lo avariado, é bem menos ameaçador que o verdadeiro inimigo que pode estar agora descendo os rios amazônicos ou escondendo sua carga em algum "furo" do rio.
Fonte: O Globo
O Comando Militar da Amazônia (CMA), com 25 mil homens, 124 unidades e forças terrestres em 62 localidades, é responsável por uma região de números fantásticos: 5,2 milhões de quilômetros quadrados, 11 mil quilômetros de fronteira com 7 países, 1/3 das florestas tropicais da Terra, 150 rios penetrantes, 1/5 da água doce do mundo, 20 mil quilômetros de cursos de rios navegáveis, 200 espécies de árvores diferentes por hectare, 1.400 espécies de peixe, 1.300 espécies de pássaros, 300 espécies de mamíferos, uma população de apenas 13 milhões de pessoas para uma densidade demográfica de apenas 3,2 hab/km². Apesar de todo esse complexo "mundo" para cuidar, o CMA teve no ano de 2005 apenas R$ 6 milhões para fazer novos investimentos em suas atividades.
Essa foi a realidade verificada por um grupo de parlamentares - o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e mais dez deputados federais - que visitou algumas unidades do CMA no último final de semana, tendo como objetivo principal acompanhar o trabalho desenvolvido pelo Exército, principalmente nas áreas de fronteira. Além de Manaus, onde fica a sede do CMA e também unidades como o Centro de Instrução e Guerra na Selva (o CIGS) - referencial para o mundo e que já treinou, além de brasileiros, centenas de soldados de outros países -, a comitiva também visitou instalações e postos ao longo das bacias do Rio Negro e do Rio Solimões, dentro do território do estado do Amazonas.
O CMA remonta ao ano de 1956, quando foi criado o Grupamento de Elementos de Fronteira, em Belém. No início da década de 80, havia na Amazônia aproximadamente quatro mil soldados, mas esse número já se aproxima de 25 mil e tende a aumentar à medida que as Forças Armadas se instalam com mais amplitude nas linhas de fronteira e que o desenvolvimento se espalha mais pela região.
O general Raimundo Nonato de Cerqueira Filho, comandante do CMA, é explícito quando admite que 25 mil homens é um número insuficiente para dar conta das demandas estratégicas na Amazônia.
- Há um vazio de poder na região. Sou responsável militar por quase a metade do Brasil e é impossível com um efetivo tão pequeno dar conta de tudo - avalia o general Cerqueira.
Ao fazer o mesmo raciocínio de Cerqueira, o chefe do Estado Maior do CMA, general Oswaldo de Jesus Ferreira, em palestra rápida aos parlamentares, argumentou que a Amazônia cresceu em complexidade, deixando de ser um "quintal" para se transformar também em "espaço de trânsito". Daí a necessidade, em sua opinião, de reforçar a presença do Estado brasileiro na região.
Mesmo reconhecendo que os vizinhos brasileiros são amigos, Ferreira explica que a estratégia das Forças Armadas para a região é de resistência.
- O Exército brasileiro precisa ser do tamanho que pensamos que somos -, define Ferreira.
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