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domingo, 12 de julho de 2009

Agnus Dei

Agnus Dei (O cordeiro de Deus).
Pedi um carneiro para meu irmão com o fim de presentear um amigo. Recebi de meu irmão um carneiro assado com requinte. Preparei o carro e lancei-me na estrada com destino a casa do amigo. Um contratempo mecânico me deixou na estrada logo no inicio da viagem. Mais curta e mais prudente à volta, e meu amigo ficou sem o seu carneiro e sem a sua festa.
Carneiro grande, muita carne, impossível comê-lo em poucas pessoas. Convidei um, convidei outro, todos refugaram. Ofereci o carneiro de presente, motivos e circunstancias estranhas não mo permitiu presenteá-lo. Carneiro no frízer, e curiosidade do porque ele não se destinava ao bucho dos amigos.
Domingo decidi levá-lo para pessoas pobres, e com eles comer. Gente humilde, cuja fome fosse o complemento do tempero. Preparávamos o bichinho quando um velho chegou. Vão comer o bicho? Sim vamos, sente que há carne para muitos.
Olha pessoal, disse o velho: no meu tempo a gente chamava o sacerdote para abençoar o bicho, eu não tenho autoridade para tanto, mas se vocês me permitirem... E levantou. Estendeu a mão sobre o carneiro e disse: Se eu tivesse autoridade pediria em nome de Jesus Cristo, que abençoe esse bichinho, criaturinha de Deus, jovem e sadio, que brincava no pasto com seus irmãozinhos e pais, e foi colhido pelo homem, e sacrificado, deu a sua vida para alimentar os homens, sem choro ou rebeldia. Que sua morte e sacrifício não sejam em vão, que sua carne nos proporcione ao menos um momento de alegria e união, e nos ensine, na alegria e prazer de comê-lo, que a alegria dos outros muitas vezes significa o nosso sacrifício pessoal, o outro ri à custa do nosso trabalho, saúde e sofrimento muitas vezes. O amor é isso, o sacrifício pelo dever, o esforço e o cansaço, a humilhação e a ingratidão sofridas em nome e a favor daqueles que amamos, e que se beneficiam, e esse sacrifício de amor, às vezes é tão grande que oferecemos a nossa própria vida, outras apenas nos anulamos, nos diminuímos, para que outros brilhem e vivam. Saibam todos que se autoridade eu tivesse vos diria, que a maiorias desses sacrifícios que fazemos são laços que a Divina providência nos faz, nos colhendo e escolhendo nos campos da vida, como o homem escolheu entre outros esse bichinho que nos encherá de fartura, alegria e satisfação. Melhor, muito melhor quando nós mesmos nos oferecemos a Deus como sacrifícios de amor, nos entregando à vida com resignação, para que outros tenham vida... E disse: Agnus Dei, nós os cordeirinhos pedimos para ti o Cordeiro de Deus, Jesus Cristo,,nos lembre sempre, como e para o que nós nascemos, e que tendo já vivido um bom tempo na esperança, a ti entregaremos a nossa vida de tantos sonhos, ilusões e promessas, tudo deixando para trás, de tal modo que outros possam viver. Amém.
Sentamos para comer, enquanto centenas de carneiros pastavam em nossa volta, alheios aos seus destinos, numa cidade imersa em solidão, como também nós os homens comíamos o nosso “pasto” desconhecendo o nosso dia fatal.
Abrimos uma garrafa de vinho e comemos e bebemos o fruto do trabalho e da terra, com os olhos cegos para a terrível realidade, nascemos e morremos pela vontade de Deus. A Ele servimos, quer queremos quer não. Os que querem servir a ELE voluntariamente, também voluntariamente entendem o amor.
Eis o porquê de o bichinho não se destinar aos buchos dos amigos. Os amigos estão fartos, e a fartura cega para o sacrifício (de amor) dos que passam fome porque outros "exigem" abusiva fartura. Mas Deus é quem sabe o porquê.

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