Um vôo para libertar-se de uma sufocante hipocrisia.
Ela bateu a porta com violência. Lançou os sapatos apertados a distância. Tinhas dificuldades de relacionamento. Não queria magoar ninguém, não queria controlar, não queria ser controlada. Ligou o computador enquanto tirava a roupa do dia. Tinha tudo, pais ricos. Morava em um prédio caro no centro de Curitiba. Tudo que pedia tinha, mas nada sabia obter por si mesma. Vivia só em berço de ouro, longe dos pais, dos primos, dos irmãos... Seria em breve uma doutora.
Envolveu-se com o garagista do prédio. Deixou-se levar por paixões inconfessáveis. No carro, na garagem, e ate mesmo ousou subir em seu apartamento. Tinha dificuldades em relacionar-se e certa culpa de ser tão passional. Nada tinha em comum com o rapaz. Sabia disso, não conversavam, não tinham o que dizer um ao outro. Naquela noite brigaram.
Não quero mais. Me larga. Não quero mais te ver. Sai de minha vida e entrou no elevador. Como dissemos bateu então a porta com violência e atirou os sapatos apertados para longe, tudo lhe apertava, queria livrar-se.
Clicou algo no computador e preparava-se para banhar-se, mas voltou para pegar algo. Olhou a tela e lá estava ela em intimas relações com o rapaz. Ele publicara as suas intimidades numa vingança covarde. Ela viu a primeira imagem, a segunda, a terceira, sentiu sufocar-se. Via a cara dos irmãos, os primos, as colegas da faculdade, os professores, os olhos do avô, as palavras do pai e da mãe... Sentiu que ia desmaiar. Sua pequena cidade riria dela, logo ela a doutora, filha de fulano. Sufocou de angustia, abriu a sacada para respirar, desmaiou e voou nove andares sem saber, para livra-se de uma hipocrisia sufocante.
Trinta segundos que tivesse parado para pensar, saberia que suas paixões eram uma herança de seus pais, partilhadas com seus irmãos e primos. Que a vida esconde muita coisa obvia. Que seu avô severo bolinava às escondidas a filha da empregada. Que seu pai, gritava e se descabelava de medo de que a filha vivesse o que ele lutava para negar n a própria carne: as paixões inconfessas vividas na zona da cidade... Etc. e tal. Da mãe não se fala mal, imagine.
Mas ela não pensou nisso. Não conseguiu ver que vivemos num mundo de pecadores desleais. Não pode perceber que atrás de seus parentes próximos havia muita coisa inconfessa que a discrição lhe cega aos olhos juvenis.
A jovem morreu. O Rapaz, covarde, alegou que seu celular fora roubado.
Não deixou carta ou bilhete. Apenas voou um vôo inconsciente para poder livrar-se de uma hipocrisia sufocante.
Faltou a ela apenas perceber, que todos passam por violentas tentações, e os mais prudentes, ou superam e evitam, ou sublimam em relações socialmente aceitas, num casamento duradouro, ou reagem com hipocrisia sem fim. São juizes de si próprios.
Naquela noite uma alma pendeu como um pêndulo em um relógio de parede, presa por um cordão de culpa que puxa todo o mecanismo familiar para o abismo, ate que o Cuco cante que é chegada a hora de todos nós. Todos daremos satisfação de nosso atos.
E então alguns serão arrancados da lama.
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A verdadeira míséria é a miséria moral, somente poderemos assegurar que nda mais nos resta quando perdermos a dignidade.O mundo pode nos tirar tudo que temos, mais jamais nos tirar o que somos.A moça do conto faltou reflexão, foi um aborto aos sonhos.
ResponderExcluirNuma cidade do Parana aconteceu de verdade essa brincadeira.
ResponderExcluirEla era apresentadora de Tv Local e perdeu sua profissão por isso, mas ela conseguiu dar a volta por cima. Ela foi cabeça.
O pior acho que ficou foi pro cara... Coitado... deve ter se arrependido...