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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Para polemizar.

A Ecologia de Lavoisier.
via grupog23 de Grupo G23 em 04/09/08

A Ecologia de Lavoisier.

Wallace Requião de Mello e Silva.
Antoine Laurant de Lavoisier (1743- 1794), francês, é considerado universalmente o pai da química moderna. Seu grande descobrimento no campo da química diz respeito à conservação da matéria. Ele propõe um paradigma, que é um modelo quase evidente, ao menos para o senso comum, e que carece, em minha opinião, de demonstração mais acurada. Diz ele: “Na natureza nada se perde nada se cria, tudo se transforma”. Pergunto eu: Então para que preservar? Como enxergar alguma justiça na preservação de alguma coisa no meio ambiente, de algum valor, de alguma relação de poder, se tudo inexoravelmente se transforma?
Das duas uma, ou essa afirmação é correta, ou é filosoficamente falsa. Se verdadeira, dela podemos deduzir uma ecologia muito diferente das proposições dos “ambientalistas” modernos. Ou seja: nada se perde na natureza, nada se cria na natureza, mas tudo se transforma de forma inevitável na natureza. Essa transformação é amoral. Ou seja, sua única regra é a transformação pela transformação em si mesma.
O homem, independente de ser agente dessa transformação do meio físico ou natural, não pode ser, nem o criador, nem o destruidor, nem o preservador, mas apenas, um agente semi consciente, entre os muitos agentes naturais de transformação da natureza. Essa concepção, desenvolvida por muitos pensadores do materialismo, defende uma evolução inevitável da natureza, acidental, ocasional e cega. Ou seja, o “evolucionismo” daí deduzido, tem um alto grau de incerteza. E não há sentido em nenhum esforço de conservação.
Não há um objetivo na evolução a não ser a própria evolução. Houve mesmo quem dissesse, num passado recente, que a verdadeira natureza do homem era ser antinatural, um agente transformador da natureza (Kaj Birket Smith em História da Cultura). Ele seria incapaz de qualquer preservação. Nesse sentido podemos perceber que nem mesmo a manutenção da vida, ou a sua preservação no planeta, ou ate mesmo a manutenção da existência do próprio planeta para o futuro, tem lógica ou razão na concepção puramente evolucionista.
Concordam com eles também, os estruturalistas Foucoult e Levi-Straus. Esse segundo, diz: “no inicio do mundo o homem não existia - e não existirá também no fim”. Ou seja, para Levi-Straus a presença física do homem já não será encontrada no fim do mundo.

Muitos e graves erros filosóficos resultam daí. Principalmente encontramos conseqüências diretas deduzidas deste evolucionismo materialista, nas regras de convivência humana, cujo escopo se entende como Ciência do Direito, e que se transforma, e deve se transformar, segundo eles, com o tempo. O que é certo hoje, já não o será amanhã. Segundo a concepção evolucionista materialista, os fatos morais se tornam lei, num Direito dito consuetudinário, transitório e conforme os “costumes temporários” vigentes e em permanente transformação.
Como conseqüência da perda da base natural do direito (a natureza em constante transformação versus as leis estáveis da natureza) e também da sua base deontológica (teoria dos valores principalmente pela ausência da figura moral de Deus), pois, sendo o materialismo evolutivo, uma doutrina essencialmente carente da idéia de Deus, e perdendo, por esse mesmo motivo a sua base teológica e moral dilui-se numa evaporação de todo valor estável. Como já dissemos carente da estabilidade da lei natural, orienta o Direito enquanto ciência, para o qual caberia apenas, como objetivo, transformar a relação social eximindo-se, ao fim, de qualquer regra ou conceito de justiça. A justiça como conceito, exige estabilidade de valores. Em ultima analise, a justiça para quem assim pense, é apenas o esforço de mudança das regras sociais. Praticar a justiça é para eles ação que visa tornar as leis morais em leis mutáveis, alternativas, uma vez que, em termo de valores, nada se perde nada se cria tudo se transforma em novas relações de poder.

De resto, pode-se dizer que a instabilidade dos valores faz das leis letras mortas. A lei de hoje já não vale amanhã bem cedo. E os legisladores, em conseqüência, imersos no relativismo moral já não defendem, impossibilitados pela rápida e proposital mudança dos costumes, nem a Lei Natural, nem a vontade de Deus nas leis humanas (Moral), nem a vontade do povo em ordem de seu bem comum (Ética). Muito menos conseguiremos estabilidade social, independente do discurso em que se possa basear. Uma lei ambiental, qualquer que seja, torna-se um anacronismo.
Quem quiser aprofundar esse tipo pernicioso de pensamento materialista poderá encontrar matéria suficiente para analise, em: “A era da incerteza” de John Kenneth Galbraith (nascido em 1908), editora Pioneira 1984. Ele trata do liberalismo materialista evolutivo.

Todavia a questão ganha uma nova feição no campo filosófico. Parece que a teoria de Lavoisier perde consistência diante da realidade moral. O homem tem intenção moral estável ao transformar o meio ambiente. Nem mesmo o criador do pragmatismo William James (+ 1910) poderia concordar com o evolucionismo cego, pois para James, a verdade deve ser o fato útil, e ser útil é um valor, e como valor é estável, ético ou moral. (a ética é fruto do razão pragmática, a moral é deduzida da teologia).
Sigam o meu raciocínio. O mundo ocidental, e grande parte do mundo oriental sofreram a base deontológica da civilização judaico cristã, ainda que às vezes, mesmo permeada pelo pensamento clássico helênico, ou após a morte de Aristóteles pelo pensamento helenístico – romano, que procurava a felicidade terrestre, como, aliás, se pensa hoje, fugisse um pouco da pureza doutrinária do “judeu-cristianismo”, mesmo assim, nada nesse planeta superou, ou superará essa base de valores moral judaico cristão. Como o outro, é ser, e agente incluso no meio ambiente, pode-se dizer que o meio ambiente humano é sobre modo meio ambiente social. E é em sociedade que o homem “agride” o meio ambiente.

Então se admitimos que o meio relacional humano, é social e moral, será o conjunto de seus valores que determina a sua relação com os outros seres humanos, com os outros seres vivos e com o mundo físico. Estou dizendo, que podemos ter uma Ecologia Cristã, muito diferente na raiz, tanto do ecologismo evolucionista e materialista de Lavoisier, ou desse outro “ecologismo” teológico panteísta professado pela grande maioria dos ecologistas modernos, que faz da ecologia uma religião pragmática (religar raiz etimológica da palavra religião, e, portanto religar e harmonizar o homem ao meio físico e aos outros seres vivos como conseqüência da necessidade de preservação de uma natureza exterior e ao mesmo tempo superior ao homem), segundo a qual, haveria uma união interdependente dos seres vivos, e, portanto de todos os homens, orbitando na necessidade de preservação do meio ambiente que é tido e havido como o próprio deus presente em todas as coisas (panteísmo). A natureza física, como conseqüência, sendo anterior no tempo, e maior do que o homem (no espaço), e berço da vida (como se o homem estivesse fora dela) são superiores ao homem e determinante de seu bem estar.
Nesse sentido, haveria já, quem ache preferível matar o homem, ou lança-lo na cadeia até a morte, por ter matado um animal, ou colocado fogo em uma árvore. Condená-lo por ter cortado um palmito ou sujado a água. Assim sendo, o homem, jamais teria construído uma casa, queimado um tijolo, cozinhado, caçado ou defendido a sua própria vida de outros animais. Há nisso, no meu entender, uma desordem moral das mais graves. Lemos em Gênesis 26: “Que ele (o homem) reine sobre os peixes do mar, sobre os pássaros do céu, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os repteis que se arrastam sobre a terra”. E se Deus permitiu comê-los, diz São Pio V, também permitiu matá-los. Opinião já anunciada por São Paulo apóstolo 1500 anos antes.

Todavia a tradição, as escrituras, a filosofia e a teologia judaicas cristã propõem ainda outra coisa. Para ela, Deus que não se confunde com as coisas criadas, tirou tudo do nada, (o mundo físico imediato e o cosmo) e do nada pode retirar tudo novamente.
A Natureza, e nela o homem, é obra e criação de Deus, e não parte dele. Portanto na natureza as coisas podem ser criadas sim. Preservadas sim e utilizadas pelo homem sim. Não é necessário ou obrigatório, que uma coisa nova seja conseqüência ou evolução de outra anterior. À vontade e inteligência livre de Deus não depende, não é diminuída, ou deixará de existir se toda a natureza for destruída. Essa antiquíssima concepção filosófica da restauração da natureza, na verdade concepção essencialmente teológica, e moral, porque depende da revelação da vontade de Deus aos homens, é confirmada também, no cristianismo, na ressurreição de Cristo, que destruído pela violência e injustiça humana (o crime ambiental e moral) ressuscita na carne. Assim acreditamos, na doutrina católica, na ressurreição da carne, não só na permanência de uma consciência espiritual individual que sobrevive em espirito no éter após a morte da carne, mas na ressurreição da carne na sua individualidade e materialidade (restauração do meio físico). Portanto a inteligência e vontade livre de Deus, o Espirito de Deus, é anterior e independente do mundo físico. Nesse sentido, Deus encarnou seu filho, para mostrar aos homens essa possibilidade de ressurreição, de restauração e redenção dos homens e do mundo. ( a destruição coube aos homens, a restauração não). Confiar em Deus, e amá-lo nos Mandamentos, (as regras morais da convivência como os homens, os seres vivos e o mundo físico) é à base da ecologia cristã. Diz São Paulo, o amor é o cumprimento perfeito dos Mandamentos.
Somente por eles (os mandamentos) amamos a nós mesmos, ao próximo, ao mundo e a Deus.
Na verdade a concepção judaica cristã diz que o homem foi expulso do Paraíso (meio físico e moral perfeito, perdendo a inocência original) como conseqüência do pecado dito original, do qual origina a desordem moral e física do meio relacional humano. As escrituras judaicas cristãs afirmam essa relação da moralidade com os acontecimentos cósmicos, tanto no episódio da expulsão do Paraíso pela desobediência à lei divina, como no episódio do Diluvio Universal, ou ainda na destruição de Sodoma e Gomorra. O voltar-se a Deus, e seu Mandamento restaura o meio relacional dos homens, seja social, seja ambiental, pois como já dissemos, o outro, nosso semelhante, encontra-se no meio ambiente de nosso entorno imediato.
A conseqüência que se pode deduzir dessa afirmação é muito diferente daquela que propõe a preservação do meio ambiente desprezando a moralidade divina, ou mesmo a consciência da existência de Deus. Ou seja, a preservação do meio, só se consegue pela restauração dos valores morais do homem, ou seja, ainda, o meio ambiente externo ao homem (incluindo os outros homens, animais e seres vivos) só se preserva se nós restaurarmos o meio interno do homem, ou seja, ainda, o seu meio moral, que tem como fundamento o santo temor de Deus (reconhecimento da pequenez cósmica do homem) e o respeito ao Direito Natural. ( princípio e fim, estabilidade e regra, base do relacionamento sócio ambiental do homem).
Pois é o meio moral, no homem, que determina a sua relação com a vida.

Wallace Requião de Mello e Silva.
Psicólogo.



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