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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Silos para o desenvolvimento.

Silos, silos e silos.

Anos passados tive a oportunidade de descer em motocicleta desde Quebec margem esquerda do Rio São Loureço no Canadá até Sault Ste. Marie localidade situada no estreito que existe entre o Lago superior e o Lago Hurion. Por ali temos uma opção para deixar o Canadá e ingressar nos EUA pelo estado de Michigan. Continuei viagem com destino a Saint Paul nos EUA. Percorri alguns mil quilômetros em uma região semi temperada e úmida devida a proximidade com os Grandes Lagos.
A primeira coisa que um viajante brasileiro nota, ao percorrer aquelas estradas canadenses, é o brilho metálico dos grandes silos, e o uso da aviação agrícola, e da aviação de pequeno porte de um modo popularizado.
Áreas imensas, e grande número de Silos. Dizem alguns entendidos que o frio intenso do hemisfério norte tem uma relação direta com o desenvolvimento das culturas e da técnica. A necessidade de vestimentas, e de preservação de comida durante os longos meses de inverno, e a vida confinada, propicia o cenário para o desenvolvimento da culinária, do convívio humano, da partilha das necessidades e das tarefas.
Hoje produzimos no Brasil pouco mais de 127 milhões de toneladas de grãos e não vemos grandes silos e armazéns. Nem percebemos a olhos vistos a presença de silos em propriedades.
Em 1987, Ariovaldo Ferraz Arruda, empresário em Londrina e então presidente da Associação Nacional de Armazéns Gerais fazia na revista Veja uma denuncia gravíssima. Numa reportagem titulada “Uma Safra Recorde ao Relento”, ele observava que o Paraná naquele ano, quando o Brasil produzia apenas 62 milhões de toneladas o nosso estado carecia de mais, pelo menos sessenta unidades para guardar 7,5 milhões de toneladas previstas para aquele ano. Muito pouco se fez de lá para cá. Em 1987 ele calculava que seriam necessários 4014 (quatro mil e quatorze caminhões de 40 toneladas cada um para fazer a silagem móvel e salvar boa parte da safra. O problema das filas no porto é mesmo muito velho, e eu pude encontrar testemunhos do fenômeno desde a década de cinqüenta, agravando-se nos anos setenta. Quando Ariovaldo publicou o seu texto 1987 as filas eram enormes. Segundo Susan George, no seu livro “O Mercado da Fome” e o próprio presidente da ANAG, a armazenagem esta no centro do problema da fome no país.
Os silos e armazéns trazem vantagens imediatas e flagrantes.
1) Os grãos podem ser mantidos por um grande espaço de tempo, e, portanto podem deixar de ser comercializados de afogadilho.
2) Haverá espaço para silagem de estoques reguladores e para a reserva de sementes.
3) A exportação pode ser feita em etapas, dentro de um programa de racionalização e não às pressas, por não termos onde guarda-las.
4) A presença de grandes estoques de grão em solo nacional estimula a semi ou mesmo a industrialização total dos grãos agregando-lhes valor de exportação e criando empregos.
5) As perdas diminuiriam sensivelmente, pois em 87, a Fundação Getúlio Vargas declarava que o Brasil havia perdido 20% do arroz; 40 % do feijão; 25% do Milho; 10% da soja e 10% do trigo.
6) Somente a silagem pode dar um equilíbrio entre produção, consumo e divisas. Única maneira real de combate a fome, Ter excedentes e distribui-los racionalmente e socialmente no seio sociedade.
7) Não se pode pensar apenas, como queria a ANAG em Privatizar os silos e armazéns, primeiro porque essa realidade é mantida propositadamente pelos grandes grupos privados que comercializam os grãos ou vendem semente e defensivos. Cabe a cada produtor investir em seu silo, no âmbito de sua propriedade, como fazem os canadenses, e ao governo, em parceria com o governo federal e municipal, a criação dos silos e armazéns de grande porte. Hoje vamos produzir somente no Paraná 27 milhões de toneladas, que serão como de costume vendidas no afogadilho, exportadas as pressas no fim da safra, com Grandes lucros para grupos como Luís Dreifus; ADM; Monsanto-Cargil; Dupont e Bunge Y Borg, por exemplo, ou todas as suas outras fachadas.

Finalizando transcrevo aqui a palavra de ordem que aquele presidente da ANAG, já tardiamente, é preciso que se diga, propunha aos brasileiros, e eu proponho aos paranaenses. “ARMAZENAGEM PROTEGIDA PRODUÇÃO GARANTIDA”

Wallace Requião de Mello e Silva

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