Linha d’água e reserva de mercado.
Corrijam-me os mais doutos. Linha de água é uma linha pintada ao longo dos navios, que indicam seu limite máximo de carga. Traçada horizontalmente, ela, á medida em que um navio é carregado, e gradativamente afunda com o peso da carga, ela, a linha, gradativamente se aproxima do nível da superfície da água. Quando a linha e a superfície da água estão no mesmo nível, o navio esta com a sua carga máxima de segurança. Navios com casco em V possuem linha d’água mais altas nos cascos, e navios mais chatos ou de casco rombudos, possuem linhas mais baixas. Portanto linha d"água é o mesmo que linha de flutuação segura. Olhar a linha d água, não significa o mesmo que avaliar o calado do navio. Calado, enquanto vocabulário náutico, segundo um bom dicionário, significa a distancia entre a quilha do navio (parte mais baixa do casco) e a linha de flutuação. Navios de maior calado precisam de maior profundidade das águas. Assim, navios maiores de grande tonelagem, podem ter, ou não, calados menores ou maiores que pequenos navios, é obvio que isso ocorre, segundo a construção de seus cascos, como quis, ou tentei, explicar acima.
Os estaleiros projetam navios para os diversos usos, da mesma forma que as fabricas, constróem carros específicos para os diversos usos. Caminhonetes, Jeeps, carros esportivos, tratores, veículos para uso em gelo ou areia etc. O principio do uso e construção de navios obedece ao mesmo principio a aplicação. É mais fácil construir navios adequados aos mares nos quais navegam, e aportam do que redesenhar o fundo dos mares.
Isso me chamou a atenção. Porque então, se fala tanto em dragagem dos portos do Paraná. Fui à Internet pesquisar, a profundidade média dos grandes portos do mundo, e tive uma grande surpresa. A maioria deles tem menos profundidade que o porto de Paranaguá, por exemplo. Portos americanos oscilam entre seis e nove metros. O mesmo ocorre com a maioria dos portos europeus. Então eu me perguntei por que (certos) construtores de navios, teimariam em construir navios com calados maiores que a profundidade da maioria dos portos existentes no planeta. A resposta me veio da seguinte maneira: Se houver vínculo, entre construtores de navios, e comerciantes de determinados produtos, e ainda exploradores ou administradores de determinados portos, isso, em tese, pode criar uma reserva de mercado. Como? , você dirá Veja, a Bung, por exemplo, mantém na Turquia, montado sobre rochas no mar, um porto, que pelas condições, tem altíssima profundidade. Ora, se eu fabricar, por exemplo, grandes navios, com grandes calados, isso os obrigaria, quando plenamente carregados a entrar por esse porto, ou pelos portos de grande profundidade, pois os outros não possuem condições de recebê-los. Compreendem? Esta criada assim a reserva de mercado, os grãos destinados à Europa e Oriente próximo, entram preferencialmente pelo porto da Bung na Turquia, por exemplo, e hipótese.
Embora a dragagem seja item de segurança portuária, pois há movimentação da superfície submarina, os navios que se destinam a um porto, devem ou deveriam estar adequados ao porto a que se destinam. Navios de grande calado que entram em Paranaguá, por exemplo, não entra em Buenos Aires, ou em Detroit (em Michigan), a capital exportadora de veículos dos EUA, cujo porto tem apenas seis metros de profundidade. Vejo, não tecnicamente, mas intuitivamente, que a construção de grandes navios podem estar construindo um monopólio do transporte, de determinadas mercadorias no planeta, pois são construídos para uso em pouquíssimos portos explorados e direcionados pelo capital privado.
Wallace Requião de Mello e Silva.
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