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sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Escolas Agricolas Comunitárias.

Escolas Agrícolas Comunitárias.
Eu estava lendo velhos documentos do INCRA, quando encontrei um plano de metas de longo prazo. Esses documentos são frutos do período em que ocupei cargo no Congresso Nacional, no gabinete do Deputado Federal Mauricio Requião. O que me chamou a atenção naquele documento, é o testemunho que ele dá, sendo um documento de 1996, de que, nestes anos, o Governo do Paraná bem programou quase todas as suas políticas e planos de metas em acordo com o proposto pelo INCRA. Todavia havia passado despercebido, o fato de que o INCRA propunha um programa de Escolas Comunitárias, oriunda de Associações Regionais de pequenos produtores.
Li o documento, e propomos aqui algo um pouquinho diferente. Uma pequena rede de escolas agrícolas comunitárias, a começar pelos sem terra. É verdade que o Governo do Paraná recuperou e equipou os Colégios Agrícolas elevando o nível técnico de um considerável contingente de filhos de agricultores. Mas essa é apenas uma das estratégias. Ainda ficaram de fora um grande numero de filhos de agricultores, e empregados das pequenas e medias propriedades.
Agora, é prudente pensarmos nas escolas comunitárias que propomos aqui.Apresentadas como um segundo passo na melhoria técnica das populações agricolas. Elas têm uma estrutura diferenciada. Ela é uma estrutura baseada em uma agremiação de pequenos produtores regionais, que, unidos em comunidade, apresentam, como docentes produtores voluntários, experientes e talentosos que queiram ensinar suas técnicas, ou técnicas utilizadas com sucesso em suas propriedades. Isso seria suportado, articulado, e formatado didaticamente, por um único diretor de programa, ligado a Secretaria de Estado da Educação, que ofertaria, segundo as experiências já vivenciadas, o conteúdo técnico formal dos “Teores práticos” e seus respectivos créditos. Não se trata como é obvio de uma escola “formal” nos moldes dos currículos escolares normais. Embora, seja necessária alguma formalidade, me parece lógico que certo conteúdo didático e o estabelecimento de objetivos formais e educacionais que devam se atingidos é necessário, como por exemplo, avaliação do aproveitamento, de modo a titular a habilitação dos alunos comunitários.
Em outras palavras: um grupo de produtores se associa, em um dado período da semana, para ensinar em assembléia (sala e campo) aos seus filhos, meeiros, funcionários, parceiros, o que melhor desenvolveram e conheceram em suas vidas e experiência na prática agrícola. Essa atividade educacional dá credito formal aos alunos, de modo que essas cargas horárias sejam posteriormente aproveitadas em outras atividades educacionais. O objetivo principal é nivelar e aprimorar o nível técnico de pequenos produtores, que, em ação comunitária, sob supervisão dos órgãos oficiais técnicos, melhoram o nível técnico de suas comunidades, o relacionamento no trabalho, valorizando o seu papel comunitário e orgânico.
Essas escolas têm um papel secundário, criar o respeito mutuo entre gerações de produtores, e ao mesmo tempo fomentar a comunicação entre as gerações, estabelecerem o diálogo inter-falmiliar em comunidades produtoras, incrementar o cooperativismo, fomentar a solidariedade, integrar a pequena produção às cadeias da agra-industrialização e comercialização. Dar visão de conjunto aos temas de valorização do papel do produtor agrícola, fixando tecnicamente no campo com opções tecnológicas e educacionais, elevando-os socialmente, tecnicamente, produtivamente, ate que atinjam o nível universitário, como agentes públicos de nível superior, de produção de saúde, preservação do meio ambiente, gestão das águas, aproveitamento racional do solo, agro ecologia e fomento da produção orgânica, assim desenvolvendo um senso de preservação de percentual sustentável de matas e fauna, até perceberem e defenderem a sua importância (integral) no elo produtivo da vida.
Wallace Requião de Mello e Silva.

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