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quarta-feira, 11 de março de 2009

Um problema sempre atual ( texto de 1998)

Bancos para o desenvolvimento.

Não falo aqui dos grandes institutos de crédito, poupança e fomento internacionais. Estes institutos servem mais para atrelar as nações em desenvolvimento aos interesses econômicos e produtivos das grandes potências, direcionando-as num crescimento interesseiro. Falo aqui dos bancos de sentar, de descansar, de conversar e que deveriam existir às centenas em todas as ruas das cidades para o desenvolvimento da sociabilidade e da qualidade de vida. Feitos de madeira, cimento ou ouro, não importa, fazem uma falta tremendos como tentarei explicar.
Escrevo para sensibilizar nosso prefeito e seus técnicos como já tentei outras vezes no passado.
Houve no Japão, um tempo em que os velhos eram entregues a si mesmos para que, fundados em antigas tradições, subissem as montanhas para morrerem de fome e frio. Os japoneses não gostam de falar sobre o assunto, todavia, não parecem que tenham motivo de esquivar-se com tamanha tenacidade. Este assunto talvez fosse mais bem desenvolvido por uma autora da qualidade de uma Tereza Hatue de Rezende, que seria capaz então, de muito melhor explicar o problema da solidão na velhice de cidadãos inseridos em sociedades com valoração pessoal fundamentada em cima das atividades produtivas.
Por outro lado, sou cidadão de uma Curitiba que não existe mais. Uma Curitiba insuperável na sua qualidade de vida. Uma Curitiba onde o pão ficava dependurado nos trincos das portas, e o leite ficavam intocáveis nas soleiras das residências em plena calçada. Havia uma torneira em cada portão, da qual todos podiam beber se necessário fosse. Casas abertas, janelas abertas no centro da cidade, gente solidária a oferecer abrigo, onde um idoso, ou jovem, podia demorar-se em conversa nas varandas, nas escadas, nos portais, descansando. Socializando-se.
Hoje, sem apego ao passado, digo, já não se conhecem os vizinhos em alguns bairros centrais, não se pode parar ou sentar em seus jardins, beber de suas águas, sentar em seus muros, que são agora protegidos por todo tipo de pesadas grades.
Há uma idade em que as juntas doem. Os calos doem. O coração enfraquecido cansa-se com mínimos esforços. E é justamente nesta idade, quando mais precisamos caminhar, nega-nos a cidade, algum ponto de descanso nos âmbitos dos quarteirões. Os velhos querem apenas sentar, descansar, conversar.
Como no Japão do passado, os velhos curitibanos estão condenados à solidão de seus apartamentos onde definham, mirando através de janelas as pessoas jovens no seu andar apressado e destituído de todo o prazer. Correm os jovens, sem o saber, em busca de uma velhice humana que não terão. Não descem os velhos, porque cansam, porque não tem onde sentar. Não fica bem a um velho sentar-se nos meiofios como fazem os jovens de hoje. Além do que pode ser difícil, impossível até, o levantar-se sem ajuda. Afora as demoradas filas esperadas em pé para receber gordas aposentadorias, nada mais a reclamar. Estes serviços, quando credenciados poderiam por lei municipal, serem obrigados a oferecer cadeiras, bancos, até cobertura, pois uns deixam os veteranos e veteranos ao relento de madrugadas frias e úmidas. Tudo bem, alguém dirá, os velhos são em geral resignados. E os jovens parecem querer um mundo melhor só para eles.
Rafael Greca colocou experimentalmente alguns bancos na Vicente Machado, fez bem. Os bancos não são mais usados porque o cheiro da rua, em certos horários, principalmente nos finais de semana, ficou insuportável. Tal exemplo, o dos bancos, sem o cheiro naturalmente, se seguido, poderia fazer parte dos orçamentos e licitações públicas das reformas, aberturas e pavimentação das ruas.
Tenho caminhado com minha mãe que já deixou os oitenta muito para traz, e sei de seus problemas, que são os mesmos de milhares de cidadãos de todas as idades, cidadãos condenados a ficarem de pé. Desculpem, alguns descansam em seus carros.
No Japão senta-se no chão, ao menos nas casas. E aqui, um velho realmente cansado tem que entrar em um ônibus, ou em um taxi, ou esperar a sorte de um restaurante aberto para descansar seus sofridos ossos. É Lamentável.
Esperam os velhos, de vossas sensibilidades, alguma solução.



Wallace Requião de Mello e Silva .


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